Já pensou em viajar para a Amazônia e ter contato direto com a cultura local, através de experiências únicas, que só quem realmente vive ali pode te apresentar?
No estado do Amazonas a natureza se mostra exuberante: rios gigantes, florestas alagadas, grutas, cavernas, cachoeiras, incrível fauna e flora, arquipélagos, praias fluviais e outras centenas de belezas naturais ainda pouco conhecidas.
Conhecer por exemplo, uma ilha paradisíaca de água doce com areia branquinha, que se forma na época de seca ente setembro e março.
E é em um desses lugares pouco conhecidos, que encontra-se a comunidade do Tumbira, localizada a aproximadamente 64 km de Manaus, onde atuam com o Turismo de Base Comunitária. Foi ali que vivi uma das experiências mais enriquecedoras de todas as minhas visitas na Amazônia.
A comunidade recebe visitantes para compartilhar da sua cultural local e oferecem toda a estrutura para sua viagem, desde a estadia até diferentes passeios.
Turismo de Base Comunitária em comunidades ribeirinhas
Com apenas 32 famílias, a comunidade do Tumbira faz parte da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro. Em 2019 foi criada uma agência local com o “propósito de ser um vetor do desenvolvimento sustentável, gerando renda, valorizando a cultura local e contribuindo para manter a floresta em pé.“
A agência chama-se Poranduba, que é uma expressão indígena que significa “histórias fantásticas”, remetendo aos mitos e fábulas que permeiam o imaginário e a cultura dos povos originários da Amazônia. Além disso, também pode significar “relação”, “sentir” e “escutar”.
A Poranduba atua através do Turismo de Base Comunitária e, junto com a comunidade, desenvolvem esse tipo de turismo, que protagoniza os moradores da região; gerando renda, valorizando e fortalecendo a cultura local. Ela é uma pequena agência de viagens, criada e gerida por moradores da comunidade ribeirinha do Tumbira.
Impactos positivos para a comunidade e o visitante
Um dos principais pilares da Poranduba é promover impacto social e ambiental, com o intuito de aproveitar ao máximo os recursos locais e fomentar a economia dentro da comunidade. Por isso, quando o visitante chega nas comunidades ele faz trilhas por caminhos já existentes, guiados por nativos; conhece o artesanato local diretamente com a(o) artesã(o), dorme em pousadas e comem em restaurantes de pessoas locais. Além disso, o visitante também contribui para manter a floresta em pé.
Algo muito importante para destacar é que a agência recebe poucas pessoas por vez. Dessa forma, o visitante tem um contato mais próximo com a comunidade e diminui o impacto ambiental.
Esse é o Roberto Brito, ex-madeiro que viva da extração ilegal de madeira. Hoje, é um dos responsáveis em manter a floresta de pé, vivendo 100% do turismo. Roberto começou trabalhar como madeireiro aos 12 anos e ao todo, foram 21 anos derrubando árvores centenárias. Naquela época, ele não conhecia outra atividade que pudesse ser o sustento de sua família e orgulha-se em dizer que hoje, seus filhos nunca pegaram uma motosserra para derrubar uma árvore.
Pela história do Roberto já podemos dimensionar o quão importante o turismo é para a sua cominidade.
Como chegar?
O aeroporto de acesso é o de Manaus, e a partir dali é necessário chegar de barco até as comunidades que deseja visitar. Todos os pacotes pela Poranduba incluem hospedagem, alimentação completa, passeios e o transfer de lancha ida e volta de Manaus. Caso queira ir por conta, existem 3 opções:
- Barco Expresso Sharlotte
Saída do Porto de São Raimundo
Duração: 2h30 - A Poranduba já inclui o transfer de lancha em todos os pacotes, exceto de fim de semana.
Onde dormir e comer?
Todas as hospedagens são familiares, em pousadas de moradores da própria comunidade. São hospedagens simples, porém, tem tudo que necessitará para uma estadia confortável. Todos os quartos são suítes privativas, equipadas ventilador, ar-condicionado. A água não é quente, mas pode ter certeza que não fará falta.
As próprias hospedagens dispõe de um restaurante próprio e todas as refeições estão inclusas no pacote: café da manhã, almoço e janta. A comida é muito farta, com bastante opções e aquele tempero especial de comida caseira. Um detalhe muito importante, é que os pratos são preparados com ingredientes locais e frescos.
- Tem opções vegetariana e vegana, é só avisar quando fizer sua reserva.
Quais serão as experiências?
A Poranduba oferece diferentes tipos atividades, para diferentes públicos. Os passeios variam de acordo com a quantidade de dias que pretende fica na comunidade. O mais legal é que grande parte dos passeios são acessíveis para crianças e pessoas que não acostumadas com trilhas longas, pois tem muitas opções sem nenhum nível de dificuldade.
- Conhecer a comunidade,
- Trilha pelo Igarapé até a Paia Alta,
- Conhecer a Cachoeira do Tumbira: a cachoeira aparece na época de seca, de novembro a janeiro, quando o rio está mais baixo.
- Passear de canoa à noite,
- Explorar o Parque Nacional de Anavilhanas,
- Fazer um “safari Amazônico”,
- Fazer uma trilha na Floresta: uma experiência única de conhecer um pouco mais da biodiversidade amazônica. Em umas das trilhas você poderá árvores centenárias como Angelim-ferro.
- Dormir na mata;
- Aprender fazer farinhada;
- Conhecer a Praia de Yauara: uma das paisagens mais impressionantes e certamente algo único que verá nessa viagem! Essa praia é um banco de areia que aparece apenas na período de seca e não nela não tem nenhuma vegetação. Nessa época, várias aves fazem ninhos na areia e é preciso tomar muito cuidado para não pisar nos ovinhos.
- Conhecer a Praia do Iluminado;
- Aprender o artesanato local;
- Aprender pescar no modo tradicional.
Quantos dias posso ficar?
Os pacotes variam de um final de semana até 7 dias. Caso queira estende um pouco mais, pode conversar diretamente com o pessoal da Poranduba e juntos, criarem algo exclusivo para você!
O que posso dizer da minha experiência com a Poranduba e o Turismo de Base Comunitária, é que foi enriquecedora! É muito bonito ver o protagonismo da comunidade envolvido com o turismo, através da preservação ambiental e valorização da cultura local. Esse tipo de turismo além de fortalecer economicamente a comunidade, contribui para a afirmação identitária dos nossos povos tradicionais, que nesse caso, são os ribeirinhos.
