Turismo Solidário em Santa Rita do Araçuaí – Contato com a cultura tradicional

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Santa Rita do Araçuaí foi um dos locais mais completos, no sentindo de imersão, que passei pelo Programa do Turismo Solidário. O pequeno povoado do Médio Jequitinhonha faz parte do distrito de Chapada do Norte e é banhado pelo maior rio do município, o Araçuaí. A pequena cidade têm casas coloridas com estilo colonial e ruas curtas, que ao longo do ano são palcos de ricas manifestações culturais.

Turismo Solidário em Santa Rita do Araçuaí

Santa Rita do Araçuaí

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Receptivo familiar 

Como já expliquei nessa postagem: Turismo Solidário possibilita vivenciar a rotina de comunidades no norte de Minas Geraisa falta de turistas no Programa do Turismo Solidário fez com que muitos dos moradores capacitados e inscritos para receber os visitantes abandonassem a ideia do projeto. Em Santa Rita, dos cincos receptivos apenas Dalva, permanece confiante a espera dos visitantes que estão por vir. Enquanto tomávamos um café ela me contava esperançosa sobre suas expectativas em receber os turistas e orgulhosamente me mostrava as matérias de revistas e jornais publicadas na época do lançamento do programa. Entre uma página e outra me apontava um depoimento dela ou de amigas nas publicações.

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O “cafezim” mineiro acompanhado de queijo fresco, bolo de fuá e broa de milho.
Em frente a casa de Dalva
Em frente a casa de Dalva

Oficina de artesanato com fibra de banana 

Em Santa Rita vivem artesãs que oferecem oficinas dentro do Programa Turismo Solidário. As artesãs ensinam, passo a passo, saberes tradicionais feitos manualmente. No final, você ainda leva o que produziu. A melhor parte da oficina é que elas são feitas nas casas das próprias artesãs em um ambiente simples e muito aconchegante. Foi gratificante receber um conhecimento passado por várias gerações de forma tão imersa. Entre um trançado e outro, muitas histórias e claro, mais café acompanhado dos deliciosos quitutes mineiros. (Quando eu falo que engordei 3 quilos nessa viagem, é verdade.)

Não deu tempo de fazer todas as oficinas, mas saí de Santa Rita com um porta joias de fibra de banana feito por mim, conduzido pacientemente pela miss simpatia Nilza.

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Passei também pela casa de Elizabeth para conhecer as clássicas peças de crochê que dão charme às casas mineiras. Quem gosta de comprar esse tipo de artesanato, o preço aqui é beeeem mais barato do que qualquer lugar que já passei.

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O contador, cantador, tocador…

Toda cidadezinha do interior que se preze, tem aquela figura que sabe as histórias mais engraçadas, os contos mais inacreditáveis e as cantigas mais tradicionais, em Santa Rita a personalidade é o Sebastião Joaquim de Jesus, chefe da Folia de Reis, apelidado de Chato. Que de chato, só tem o apelido. Logo que cheguei na casa dele me convidou para entrar e ficamos na cozinha, sem cerimônia, conversando por horas. Ou melhor, ele conversou. Eu era apenas uma atenta (e encantada) ouvinte. Ao final de horas, que não sei quanto tempo passou, ele sugeriu que fôssemos até a varanda, pegou a viola e apenas tocou a minha despedida.

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Contato com a natureza

Ah! Quase esqueci de falar do rio… O rio Araçuaí “nos fundos” do povoado é uma ótima alternativa para refrescar do calor nas épocas quentes. As corredeiras do rio são favoráveis para a pratica de rafting, mas na cidade não tem nenhuma estrutura de apoio para o esporte. Sendo assim, é necessário levar o próprio equipamento e fazer de forma independente.

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Sinal de telefone em Santa Rita do Araçuaí: depende do lugar

Acesso: estrada de terra

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Serviços

Oficina “A Arte que vem da terra”                                   

Artesã: Nilza                                                                                     

Contato em Santa Rita do Araçuaí:  (33) 3739-4033 ou 3739-4038

Duração aproximada: 2 horas

Antecedência de reserva: 5 dias

Preço: R$25,00

Inclui material

Receptivo Familiar

Anfitriã: Dalva

Contato: (33) 3739-4012

Antecedência de reserva: 5 dias

Preço/diária:  Sob consulta

selo vinte por centro

Brasiliense, turismóloga, blogueira, mulher medicina, admiradora das brincadeiras populares e dos simbolismos étnicos. Sol e lua em sagitário, adora banana, cachoeiras, rios e mar. Não viaja sem seus óleos essenciais, não recusa um convite para dançar e acredita que o abraço cura.

14 COMENTÁRIOS

  1. Ah, Cris, também estou hiper interessada em Milho Verde. Acho que fica nas proximidades de Santa Rita. Pode me dar uma dica também? Desculpe o abuso da sua bondade.Bjs e obrigada.

  2. Cris, depois de ler seu post sobre Santa Rita e o Turismo Solidário, tô com vontade de conhecer Santa Rita! Ê, Minas Gerais! Mas não sei por onde começar… Moro em Brasília-DF. Vou inicialmente pra onde, e depois pra onde? O vale do Jequitinhonha eu sei mais ou menos onde fica pelo mapa… Desculpe a ignorância, me dê uma boa dica, por favor, e muito obrigada!!!

    • Olá Hiolany, por onde vc vai começar depende do que pretende conhecer. O mais importante é ter como referência Belo Horizonte ou Diamantina (que é mais perto). Desses locais saem ônibus para grande a região do Vale do Jequitinhonha. Fiz o seguinte trajeto: Belo Horizonte > Minas Novas > Chapada do Norte > Cachoeira do Norte > Santa Rita do Araçuai > Minas Novas > Turmalina > Campo Buriti-Coqueiro Campo > Poço D’Água > Campo Alegre > Campo Buriti-Coqueiro Campo > Turmalina > Diamantina. Alguns lugares por onde passei são povoados bem pequenos e o acesso é limitadíssimo. Nesse caso, fui de táxi (desses que fazem transporte da população, na falta de transporte público…)
      Grande abraço!

  3. Oi Cris, parabéns pelo texto, realmente dá pra sentir a atmosfera mágica de Santa Rita, muito interessante sua experiencia, obrigado por dividi-la de maneira tão íntima.
    Sou voluntário em um projeto social que atua na região e pude vivenciar situações parecidas por essas bandas, muito bom relembrá-las a partir de seus relatos, e belas fotografias!
    Estou ansioso para conhecer esse famoso Chato de Santa Rita!
    Abraço

  4. Cris, primeiro obrigada por sua publicação. Queria algo parecido mas desconhecia o projeto. Já esta tudo arranjado para esta virada de ano: vou visitar dona dalva e passar a virada com sua família e em seu vilarejo.
    Queria uma dica. Pensei em alugar um carro em Montes Claros e depois seguir de lá. Dona dalva me informou sobre opção de ônibus mas demonstrou preocupação com a disponibilidade do transporte devido as festas de final de ano. Em principio estou tendendo a locação do carro para ter mais liberdade em conhecer outros vilarejos – o q vc me recomenda?

    Se depender de mim este projeto já vingou. Eu nem fui ainda mas já quero voltar.

    Obrigada. Adriana.

    • Olá Adriana,
      Fico super feliz em ver pessoas engajadas com o Turismo Solidário. Tenho certeza que será uma viagem enriquecedora!!!

      Sobre o transporte, realmente é uma dificuldade. Para chegar em alguns lugares precisei pegar um ônibus, um carro desses q fazem o transporte como táxi coletivo e outro ônibus. Infelizmente, o descaso do transporte público no interior do Brasil é real. Se você pode alugar um carro, recomendo que alugue. Assim você não perderá tempo esperando um ônibus, terá mais liberdade para conhecer a região e até, quem sabe, conhecer outros receptivos.
      Recomendo a casa de Anísia, em Poço D’Água próximo de Campo Buriti-Coqueiro Campo. Ainda não publiquei sobre minha hospedagem lá, mas foi uma das casas que um dia pretendo voltar. Ela mora na zona rural, em uma região um pouco afastada. É artesã das famosas bonecas de barro do Vale do Jequitinhonha e ensina os turistas a antiga técnica de transformar barro em boneca. Uma pessoa maravilhosa que me acolheu com muita amorosidade. O telefone dela é (38) 9179 7172.

      Quando voltar de viagem, compartilhe sua experiência conosco.

      Grande abraço!!!

  5. muito bakana essa publicação…

    Entretanto, do msm jeito que essa iniciativa é fantastica, infelizmente não foi muito bem recebido pelos turistas que, na maioria das vezes, não estão interessados em aprender e conhecer a cultura local. Apenas comprar e comprar.

    Triste ver que muitas das mulheres que se capacitaram para o projeto estão largando a idéia.

    Parabens a Sra. Nilza que ainda acredita nessa ideia.

    Anotei aqui os endereços e telefones.

    vou la visitar ela 😀

    • Olá Bruno, mas olhe… eu também sou do time dos esperançosos. rs Ainda dá tempo desse projeto vingar e esses lugares passarem a ser visitados. A região do Vale do Jequitinhonha é riquíssima em belezas naturais e culturais. A possibilidade de viajar e ir direto na fonte para aprender um artesanato, por exemplo, não tem preço! Se tiver a oportunidade de ir, vá mesmo. Inclusive dá para fazer um pequeno roteiro e passar por outros povoados que fazem parte do Turismo Solidário. E depois volte aqui para contar sua experiência. 😉 Grande abraço!

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