5 templos criados por sociedades matriarcais pelo mundo

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A Deusa Mãe foi a suprema divindade do planeta durante pelo menos trinta milênios, reverenciada por seu poder de gerar, criar, nutrir, proteger e sustentar todos os seres. Nesta matéria compartilho 5 templos que foram criados por sociedades matriarcais mundo afora.

Sociedades matriarcais pelo mundo

Conhecida sob inúmeros nomes e representações de acordo com a cultura e a época, a Deusa era a própria Mãe Terra, a energia da vida e morte do planeta, venerada no ciclo das estações, nos fenômenos da natureza, na riqueza e na beleza da terra, do céu, das estrelas, das montanhas, das águas, das plantas e dos animais.” Mirella Faur

História

Sabemos que a religião sempre teve forte influência nos cenários sociais e, durante séculos, mostrou-se como um elemento decisivo na estrutura dessas sociedades. A relação entre deuses e mortais conduziam as regras de funcionalidade de cidades, que levavam os indivíduos a estabelecer um contato mais direto com essas divindades sobre a necessidade de prosperidade — social ou familiar, onde o sacrifício e a oferenda eram a principal comunicação entre o céu e a terra.

A divindade feminina identificada como a Grande Mãe foi atribuída em diversas civilizações, com centenas de nomes. Elementos relacionados à natureza são facilmente identificados à Deusa.

Homens e mulheres cultuavam a terra como fonte de vida, pois dela tiravam o sustento vital: o alimento. Nesse sentido, entende-se que a mãe é a única geradora, sendo ela a detentora do grande mistério — vida e morte —,  por isso era amada e temida.

“A terra não somente tem a capacidade de produzir a vida, mas também de renová-la. Isto é claro no caso das plantas, flores, frutos e sementes. O mesmo se deve esperar da vida animal e humana: o nascimento, crescimento, reprodução, que superam pelas novas gerações os estragos da morte…Por isso, os filhos são atribuídos ao poder biológico da terra, mesmo que nasçam da mulher, pelo que são restituídos à terra quando morrem (inumação), enterrados na posição de embrião humano, a fim de que a terra lhes restitua à vida.” Waldomiro Octavio Piazza

Os ritos levam o indivíduo ao encontro com esta premissa, pois integravam o homem à natureza em um espaço sagrado onde os mesmos poderiam dialogar com a divindade, guiando-se por seus ciclos naturais. Para tal, elementos como incenso, vinhos, flores e frutas eram ofertados. Dança e música também facilitavam a comunhão. Nesse entendimento, o culto à Deusa se funde aos cuidados com a terra — desde o plantio até a colheita, e talvez por isso, a reverência à divindade feminina seja uma das mais antigas celebrações.

O culto mais difundido entre os índios norte-americanos é da Mãe Terra, seguido pelo da Mãe dos Grãos, que aparecia como uma única divindade – a Mãe, múltipla como Suas filhas, as Donzelas do Milho, ou em forma de Três Irmãs, que simbolizavam os alimentos básicos: milho, feijão, abóbora. As colheitas eram as oportunidades para agradecer com oferendas, festividades, danças e orações. Dependendo da localização geográfica e da natureza da colheita, estas cerimônias se estendiam durante vários meses, com danças típicas em forma de rodas ou espirais, mas envolvendo sempre toda a comunidade. Uma dança muito comum na Europa era a dança do pão, considerado o alimento sagrado usado em rituais, como amuleto de proteção ou para a cura. O pão jamais podia ser desperdiçado ou jogado fora, sendo também usado em sinal de boas vindas ou recepção dos noivos entre os povos eslavos e dos Balcãs. Antes de cortar o pão as camponesas romenas o abençoavam e agradeciam à terra pelo “pão de cada dia”. Mirella Faur

sociedades matriarcaisEstátuas da Deusa já foram encontradas em diversos locais e muitas delas são representadas como uma mulher de seios e nádegas fartas. Uma das mais conhecida é a Vênus de Willendorf, de 9 centímetros talhada em pedra, que data mais de 30.000 anos. Em outras representações é comum ver em destaque o ventre, a vulva e quadril, que constituíam a relação entre a mulher e a fertilidade.

Esses detalhes, são ferramentas fundamentais para perceber a riqueza de cada lugar. A questão não é abordar os antigos cultos à Grande Mãe somente como uma simbólica espiritual e sim, entender através de um olhar mais amplo, sob uma perspectiva histórica, cada templo, sítio arqueológico, igreja ou ruína. Compreender esse legado ancestral é uma das formas mais puras de integração com esses lugares sagrados.

Templos de Deusas pelo mundo

Se você já viajou para lugares que carregam histórias de povos antigos, certamente já pisou em terras que cultuaram — ou ainda cultuam a Grande Mãe. Seus mitos e suas histórias misturam-se com a criação de cada lugar. Com diversos nomes e formas, a Deusa representa o principio criador que simboliza a vida. Apesar de seu culto ter sido destruído ou  substituído em muitas partes, Ela se mantém viva em diversos lugares.

Conheça alguns dos locais sagrados de divindades femininas pelo mundo:

1. JAPÃO
DEUSA: AMATERASU
Local: Ise, na província de Mie (Japão)

“Várias religiões antigas já reverenciavam o Sol como uma Deusa doadora da vida. A Deusa solar Amaterasu é considerada símbolo da unidade cultural do povo e é reverenciada até hoje no nascer e no pôr do sol. Ela é descrita como uma deusa radiante e bondosa.”

Data: 04 de fevereiro – quando tem-se o Festival das Lanternas Setsu-Bun que celebra a deusa Amaterasu e afasta os maus espíritos.

Templo:Outro exemplo de templos construídos por sociedades matriarcais: Santuário de Ise, conhecido também por  Ise Jingu. 

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Foto: Pinterest
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Foto: Pinterest

2. TURQUIA
DEUSA: ARTÉMIS (DIANA)
Local: Éfesos (Turquia)

“Ártemis é uma Deusa que cuida e auxilia parturientes e crianças; é caçadora e ao mesmo tempo protetora dos animais. A Mãe dos Mil Seios, senhora da fertilidade. Reverenciada ao longo do tempo seu culto espalhou-se para África, Sicilia, Europa, as ilhas gregas como Creta e Delos.”

Data: 22 de novembro

Templo: Ruínas do Templo de Artémins em uma das sociedades matriarcais 

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Ruínas do templo de Artemis, mais uma das sociedades matriarcais – Foto: Pinterest
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Foto: Pinterest

3. IRLANDA
DEUSA: BRIGID

Local: Mais um exemplo de templos em sociedades matriarcais no Condado de Kildare (República da Irlanda)

“A Deusa foi transformada em santa a fim de legitimar e promover a conversão para a nova religião. Para os pagãos, ela é a Deusa Tríplice, padroeira da arte, cura e magia, Senhora do fogo sagrado e das fontes curativas. Para os cristãos, ela é Santa Brigid, uma mulher simples, mas que pela sua vida pura, sua fé e a doação irrestrita para auxiliar doentes e pobres.”

Data: 01 de fevereiro

Foto: Dani Andrews
Foto: Dani Andrews

4. ÍNDIA
DEUSA: DURGA

“É representada com quatro, oito, dez ou dezesseis braços, porém sempre segurando suas insígnias, que são a espada, o tridente, o chocalho e uma vasilha de sangue ou uma flor de lótus, enquanto cavalga, ora um leão, ora um tigre.”

Data:  14 de outubro

Local: Em vários lugares da Índia é possível encontrar um templo de Durga, mais um modelo de templo criado por sociedades matriarcais. Entre os mais conhecidos estão nas cidades de Goa, Kolkata, Guwahati e Vijayawada.

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Foto: Pinterest

5. ITÁLIA
DEUSA: HÉSTIA (VESTA)
Local: Roma

“Poucos escritos existem sobre Héstia, sendo que a principal fonte de informação está nos hinos do poeta Homero. Sua importância para o povo grego estendia-se além das reverências e oferendas a Ela dedicadas, que eram feitas antes de cada refeição ou ritual. Héstia representa a essência (em grego a palavra é essia), o centro da psique, a própria chama interior da natureza divina.”

Data: 07 a 15 de junho

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Foto: Pinterest

|BÔNUS|

ÁFRICA
DEUSA: OXUM
Local: Nigéria
Data: 08 de dezembro

 

*A descrições das Deusas foram retiradas do livro do Anuário da Grande Mãe de Mirella Faur..

Brasiliense, turismóloga, blogueira, mulher medicina, admiradora das brincadeiras populares e dos simbolismos étnicos. Sol e lua em sagitário, adora banana, cachoeiras, rios e mar. Não viaja sem seus óleos essenciais, não recusa um convite para dançar e acredita que o abraço cura.

14 COMENTÁRIOS

      • Não entendi, porque o Templo à Oxum, em Oxogbô, na Nigéria, está sendo apresentado como um “bônus” ?
        Devemos esclarecer, que o mesmo foi reconstruído e revitalizado por uma mulher, em honra de uma deusa muito antiga, que representa o poder feminino.
        E como foi dito, trata-se de um Patrimônio da Humanidade, reconhecido pela UNESCO. Sobretudo por sua grandiosidade e beleza.

        • Olá Renata, porque se você reparar o título do post é: CINCO templos criados por sociedades matriarcais e ele entrou como SEXTO = bônus. Alguém fez um comentário falando sobre ele, achei super interessante e adicionei. Sendo assim o post ficou com 6 templos, mas não vou mudar o título pq isso afeta no alcance da postagem.

  1. Olá, tudo bem ? Acabei de conhecer o blog…estava pesquisando sobre “Destinos das Deusas”e encontrei essa postagem MARAVILHOSA…Dei uma olhada no blog, Cris Marques (aliás, percebi agora, minha chará! Ana Marques ! ..rss ), que trabalho mais LINDO, admiro muito, parabéns !!!! Nossa, incrível sua postagem das Deusas, como é pouco conhecido em nossa cultura que um dia o feminino teve tanta representatividade.. Sou também apaixonada por culturas, e amo de paixão a natureza… Fiz poucas viajens e ainda conheço pouco….Mas por enquanto ! Espero um dia voltar aqui com mais bagagens e postar no “Participe”….=). Adoreei, de verdade, e qm sabe um dia nos encontramos em algum destino? rsrss…
    Um grande abraço Cris !

    Ana

  2. Parabéns Lindona!
    Fico muito feliz por estar realizando seus sonhos com prosperidade!
    Quando temos fé, confiamos e nos colocamos nos braços amorosos da grande mãe, tudo nesta vida é possível!
    beijos no seu coração
    da sonhadora
    Paula Nunes

  3. Crisssssssss,

    Amei o post, está maravilhoso!!! Parabéns!

    Se você quiser posso te mandar uma foto da ruína do templo de Ix Chel, em isla Mujeres, no México. O lugar é paradisíaco e ainda é possível sentir a egrégora dos maias que perigrinavam a té a ilha para reverenciar sua deusa lunas e protetora das mulheres. Dá pra acrescentar no post. heheheheh
    Beijocas
    Cris Madeira.

    • Cris amada! Quero muito!!!
      Nossa.. eu descobri que Benzaiten (minha madrinha desse ano) também tem um templo. Pelo visto vou fazer esse post terá continuação. rsrs
      Bjooos

  4. Olha o lindo e-mail que recebi da Mi sobre esse post. *.*

    “Parabéns querida, ficou excelente a sua descrição e as fotos.Quem sabe, se depois deste tempo para dar a volta ao mundo(…) você não descreve ao vivo e em cores as suas passagens por outros templos?é o que lhe desejo!

    Bênçãos

    Mirella Faur”

    • Oi Natasha! Pena que conversamos tão pouco… =(
      Sim, com sei. rsrs Além de ter várias sociedades matriarcais, existem várias mulheres que ainda seguem a antiga tradição. Mas esse é tema para o próximo capitulo. 😉
      Bjooos

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